terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O poço (Coletânea)

O POÇO

Tudo começou quando encontrei aquele livro empoeirado no sótão da casa da vovó. Era lá que as coisas do falecido Jorge ficavam. Sei que é estranho chamar meu próprio avô pelo nome – todo mundo diz isso – mas a mim não soa tão mal, afinal de contas não cheguei a conhecê-lo. Tudo que sabia a seu respeito era oriundo das estórias que minha saudosa vó Amélia contava. Ah... como eu gostava daquela senhorinha! Que Deus a tenha! Faleceu aos 78 anos, no interior de Minas Gerais, local do qual nunca arredou o pé. Meus pais cansaram de chamá-la para morar conosco, no Rio de janeiro, mas ela se recusava a deixar o velho casebre onde vivera ao lado de Jorge. Acho que era o jeito dela manter, na memória, as lembranças que tinha do falecido marido.
O fato é que durante toda minha infância a casa da vovó sempre foi minha primeira opção para passar as férias. Eu adorava cavalgar, tomar banho de rio, correr pelas plantações de mandioca, roubar frutas do terreno dos vizinhos e realizar todas as outras coisas que um “apertamento” no Méier não me permitia fazer. Papai e mamãe raramente vinham comigo. Quando, por um milagre, isso acontecia não permaneciam mais que um fim de semana e já voltavam para “selva de pedra”. Na época eu não compreendia muito bem aquele corre-corre deles, mas hoje, aos 36 anos, divorciado e com filhos, entendo as dificuldades da vida adulta. É o aluguel, a mensalidade da escola das crianças, as prestações do carro, as pilhas imensas de relatório para entregar ao  mala do meu chefe e, como se já não bastasse, ainda tenho de aturar a "vampira" da minha ex-mulher que liga, todo mês, reclamando da pensão que vive dizendo não ser o suficiente para bancar os meninos. Mulher miserável! Suga meu dinheiro como se eu o achasse voando por aí! Eu deveria ter ouvido meu pai que sempre dizia (quando estávamos longe da mamãe, é claro) que a vida ficava ainda pior depois do casamento. Ele tinha razão! Contudo, tomo a liberdade de fazer um acréscimo as suas sábias palavras: Ela vira um verdadeiro inferno após o divorcio!
Em meio a todas essas agruras, é perfeitamente normal que não sobre tempo para desfrutar das belezas naturais que o mundo nos oferece. Já até tentei fugir de toda essa tormenta passando uns dias no interior de Minas, no casebre onde a vovó morava, mas acho que fiquei tão acostumado com a agitação do meu dia a dia que a serenidade do interior tornou-se algo extremamente tedioso.
Sem perceber fui transformando-me no reflexo exato da imagem que tinha dos meus pais.  Sou uma marionete controlada pelo capitalismo. Uma estúpida engrenagem já acostumada a sua rotina. Eu tinha acabado de arremessar o telefone contra a parede, após mais uma das inúmeras ligações da desgraçada mãe dos meus filhos, quando finalmente me dei conta disso. Havia jogado minha vida fora. Entrei em pânico e corri até o quarto, abaixei diante da cama e puxei, de lá de baixo, a maleta que vovó me incumbira de guardar, instantes antes de falecer. Com cuidado eu a coloquei sobre o colchão e, por um tempo que não sei quantificar ao certo, fiquei observando aquela velha maleta que, por diversas vezes, já havia tentado destruir. Vó Amélia me alertara que seria inútil tentar algo do tipo, mas, mesmo assim, tentei e tentei até por fim acabar desistindo da ideia. Ateei fogo, atirei pela janela, enterrei, lancei em alto mar... das  maneira mais simples às mais absurdas, procurei me livrar daquele objeto, mas nada surtia efeito! Inexplicavelmente a maleta sempre aparecia novamente em baixo da minha cama.
Já tinha perdido as contas de quantas vezes havia tentado destruí-la e de quantas vezes havia praguejado todos os nomes de santo quando a encontrava, intacta, debaixo da cama, como se nada tivesse acontecido. Mas, naquele instante, algo diferente crescia em meu íntimo. Estava feliz por não ter conseguido. Verdadeiramente feliz! Graças as minhas frustradas tentativas agora eu tinha um meio de dar fim àquela vida medíocre que eu levava.
O pensamento fugaz ainda estava fresco em minha mente quando apanhei a maleta, as chaves do carro e saí. Em poucos instantes estava na estrada em direção a Minas Gerais. Durante a viagem, algo em minha cabeça tentava relutar contra a decisão que eu havia acabado de tomar. Uma ponta de racionalidade talvez, mas eu não dava atenção. Liguei o rádio e, aumentando o volume a uma altura daquelas que chegamos a duvidar que os tímpanos sejam capazes de suportar, segui em frente. Acho que beirei a surdez com tal atitude, mas qualquer coisa era válida para não ter mais de ouvir minha estúpida consciência tentando me fazer desistir. O carro continuava avançando e, pelo retrovisor, eu observava a maleta, rememorando as palavras da vovó naquele fatídico dia de sua morte:
– Bernardo, meu filho, venha até aqui! – pedia ela, despendendo grande esforço para proferir aquelas palavras.
– Estou tentando ligar para o papai, vó! Vou avisar a ele que você esta passando mal! – respondi discando o número pela terceira vez.  – Droga! Só dá fora de área.
– Esqueça! Não há mais nada o que fazer! – insistiu pigarreando.
– Não vovó! Eu não vou deixá-la assim! Vou até a casa da dona Madalena. Ela deve conhecer algum médico que more por perto!
– Não! – gritou em meio a tosse carregada. – Se for agora, talvez não dê tempo! Você precisa me ouvir primeiro!
– Ouvir o que, vovó?
– Venha até aqui! – pediu por mais uma vez
Eu desejava encontrar alguém para acudi-la o quanto antes, mas seus olhos opacos pareciam revelar se tratar de algo importante e então recordo-me que, mesmo a contragosto, obedeci. Ela falava com dificuldade. As mãos enrugadas contra o peito tentavam, inutilmente, conter a dor. Acho que era um princípio de infarto ou algo do tipo, mas não tinha certeza, afinal eu era só um moleque de doze para treze anos. O que poderia saber a respeito daquilo? Lembro, como se fosse ontem do súbito modo como ela ignorou a dor e me agarrou pelo braço pedindo que eu fosse até o sótão e pegasse a maleta que agora repousa no banco de trás do meu carro.
Por um instante, titubeei. Ela nunca havia me permitido ir até lá. Vendo-me paralisado com o pedido, vó Amélia gritou, por mais uma vez, para que eu fosse logo e então disparei pelos corredores da casa chegando até a escada de acesso ao sótão. Na verdade eu já sabia o motivo pelo qual eu nunca pude ir até lá. Qualquer um sabe que criança adora fazer o que é proibido e comigo não era diferente. Por diversas vezes já tinha entrado lá, às escondidas, e conhecia bem a maleta que vovó descrevera com todo cuidado para que eu não me enganasse. Esse era o real medo que fazia minhas pernas vacilarem, pois, embora ninguém além de mim soubesse, o livro diabólico, que estava contido em seu interior, era o responsável direto pela morte de Juca, meu melhor amigo. O fato terrível havia ocorrido nas férias do ano anterior e desde então prometi a mim mesmo que nunca mais faria algo que alguém houvesse me proibido de fazer e nunca mais subi até o sótão. Bom... pelo menos até aquele dia.
Quando retornei, vovó já estava novamente deitada sobre o sofá. Parecia ainda mais pálida que antes e foi logo se apressando em falar. Alertou-me dos perigos que estavam contidos naquela maleta que pertencera a Jorge e que dali em diante ela estava passando para mim a tarefa de mantê-la longe do alcance de qualquer pessoa, inclusive de mim mesmo. Informou ainda ser impossível destruí-la e que o melhor a fazer seria guardá-la em algum canto escuro e ignorá-la. Eu estava cumprindo bem minha função... até hoje!
Algo no bolso da calça iniciou a vibrar, interrompendo meus pensamentos. Só então me dei conta de que havia trazido meu celular. Eu o retirei do bolso já imaginando quem poderia ser e quando bati os olhos no visor constatei que estava certo.
– Maldita sanguessuga! De agora em diante estou tomando as rédeas da minha vida! – gritei lançando, pela janela do carro o aparelho recém-comprado.      
Primeiro o telefone fixo, agora o celular... essa mulher não para de me dar prejuízo! – pensei comigo. Ao menos agora ela não pode mais me importunar com suas queixas descabidas. Estou livre. Sim! Estou livre daquela voz irritante. Sorri aliviado. Logo não seria Renata o único problema a desaparecer da minha vida. Dentro de poucas horas eu ficaria livre de todos. Meus desejos seriam realizados e para mim, isso era tudo o que importava naquele momento. 
Quando finalmente cheguei, estacionei em frente ao casebre da vovó sentindo o cansaço da viagem. O que não era pra menos já que minha ansiedade havia me impedido de realizar qualquer parada durante todo o percurso. Meneei a cabeça, expulsando o sono, estiquei o braço para apanhar a maleta e em seguida deixei o carro.   Já eram altas horas da madrugada, estava muito frio e até onde meus olhos podiam alcançar não existia mais uma vivalma além de mim. Caminhei lentamente até os fundos da casa observando o local onde vivenciei tantas alegrias. “Ao menos minha infância foi feliz!” concluía, em meio a um suspiro profundo, quando subitamente meus olhos identificaram uma criança ao lado do antigo poço, mas não era qualquer criança que estava lá, parada, a me olhar. Era Juca!
– Na-não é po-possível! – gaguejei com os olhos arregalados diante daquela visão.
Tentei correr de volta para o carro, mas um medo tão violento havia se apossado de mim que minhas pernas estavam travadas. Era como se pesassem toneladas. Pensei em gritar, mas quem me ouviria? Estava tudo deserto e a casa da dona Madalena – a mais próxima dali – ficava a uma distância considerável. Tremendo mais que vara verde eu assisti aquele que fora meu amigo de infância se aproximar até ficar bem perto de mim. Sua pele estava incrivelmente pálida e olheiras profundas, como nunca vi igual, estavam alojadas logo abaixo dos tristonhos olhos que pareciam revelar um sofrimento indescritível.
– O que... o que você quer? – perguntei numa altura quase inaudível. A voz saiu tão baixa que cheguei a pensar que não havia perguntado nada, mas uma resposta, quase que imediata, fez-me crer no contrário.
– Não faça isso Bernardo!
Sem dúvida alguma era a voz de Juca, mas os lábios arroxeados daquela criança permaneciam cerrados.
– Não faça isso Bernardo! – ouvi por mais uma vez e dali em diante não parou mais. Levei as mãos contra os ouvidos a fim de protegê-los, mas não adiantou. A voz estava dentro da minha cabeça se repetindo e se repetindo numa velocidade frenética enquanto aquele macabro fantasma, ou sei lá o quê, me observava com seus olhos tristes. De repente, minhas pernas voltaram a obedecer e tudo que consegui fazer foi ajoelhar e fechar os olhos pedindo para que aquilo parasse. Não sei por quantas vezes escutei aquela frase ou por quantas vezes implorei para não mais escutá-la até que, de uma hora para outra, sem mais nem menos, tudo serenou. Novamente abri os olhos e percebi que estava no mesmo lugar, a alguns metros do poço, mas não mais ajoelhado. Estava estirado sobre o chão lamacento que tempos atrás fora um gramado bonito. Tentei me levantar e escorreguei  sujando-me ainda mais com aquele barro. A dor na região da nuca logo me fez concluir  o que acontecera. Estava tão distraído com minhas lembranças da infância que não percebi o perigo oferecido pelo chão lamacento. Certamente eu havia caído e ficado desacordado por algum tempo, envolvido naquele louco pesadelo.
– Isso! Só pode ser isso! – exclamei, ainda duvidoso, tentando me convencer daquela teoria enquanto apanhava a maleta caída ao meu lado.
Imaginando quanto tempo havia permanecido desacordado caminhei até a beira do poço e retirei as tábuas que encobriam sua abertura. Olhando ao redor me certifiquei por mais uma vez que estava sozinho e, retirando o excesso de lama das mãos, abri a mala no exato instante que uma mão envelhecida e gélida, surgida do nada, me agarrou pelo braço. 
– Pare! Não cometa esse erro! – disse o velho de fisionomia extremamente familiar.
Por uma fração de segundos a figura surgiu proferindo aquelas palavras para então desaparecer na mesma velocidade. Foi algo extremamente rápido, no entanto, pude observar bem aquelas feições e tive a impressão de que era o mesmo homem que via nas fotos que vó Amélia me mostrava. “Sim, era ele!” pensei comigo. “Era o Jorge!”
– Diabo! – Nunca mais viajo tanto tempo sem realizar paradas. Estou começando a ver coisas! – resmunguei, tentando fazer o coração descompassado se acalmar novamente. Queria acreditar nisso, mas no fundo eu sabia o que estava acontecendo. Os espíritos estavam tentando me impedir.
Lembrei de Juca e da forte amizade que possuíamos. Era horrível ter de reconhecer, mas talvez, se nunca tivéssemos nos conhecido, ele poderia ainda estar vivo. Eu tinha sido o responsável direto por sua morte. Eu e esse livro que jamais deveria ter sido tirado do sótão sem permissão. Mas eu era um bisbilhoteiro enxerido e não conseguia controlar o ímpeto de experimentar o proibido.
– Droga! Não era para ter sido assim! Perdoe-me Juca! – disse com os olhos marejados.
– Não foi sua culpa, Bernardo. Você era só uma criança e, assim como eu, ignorava a gravidade do que estávamos realizando.
Virei para trás ao ouvir aquilo e deparei-me com a mesma criança de olheiras profundas que eu acreditava ter visto em pesadelo.
– Juca!
– Sim! Sou o espírito de Juca e estou preso ao poço assim como também está seu avô! Esse é o destino de todos que se rendem a sedução de Abdel! – Descobri da pior maneira que não compensa ter nossos desejos realizados por esta entidade, pois em troca ela nos toma o que temos de mais valioso: Nossa alma!
– Não! Eu o libertei!  Li as palavras que realizavam a quebra da magia, exatamente como estava no livro!
– Já era tarde demais, meu amigo! Minha alma já estava corrompida. Sua avó também achou que havia feito o mesmo pelo marido... ela morreu acreditando nisso, no entanto, nem  eu tampouco ele, poderemos um dia descansar no reino dos céus. Somos escravos de Abdel, assim como muitos outros.
Confuso, apanhei o livro e comecei a folheá-lo procurando pela página certa. Uma estanha sensação de estar ouvindo risadas e murmurinhos após a abertura do livro, causava-me calafrios, contudo, não interrompi minha busca.
– Sei o que veio fazer aqui Bernardo! Mas eu lhe garanto que essa não é a melhor solução!
– Achei! – gritei sem dar muita atenção às palavras do fantasma de Juca, quando finalmente encontrei a página.
Passei os olhos rapidamente naquelas escrituras e, como da ultima vez, não encontrei nada sobre se tornar um escravo ou algo parecido, contudo, havia um parágrafo em latim, próximo ao rodapé da página, que na época eu havia julgado não ser importante. Certamente era ali que estava contida tal informação.
– O que diz aqui nesse parágrafo?! – O que diz?! – indaguei sentindo minha cabeça ficar cada vez mais confusa. Era bem capaz de já estar beirando a loucura ou quem sabe eu já não estivesse louco, afinal, estava conversando com um fantasma.
Juca estava prestes a me responder quando gargalhadas bizarras ecoaram de dentro do poço.
– Depressa, Bernardo! Vá embora! Eles estão vindo!
– Quem está vindo? – perguntei com as pernas tremulas. O desejo de dar continuidade a tudo aquilo que eu planejara havia desaparecido.
– As entidades da escuridão que servem a Abdel! Você precisa sair daqui!
Tentei correr, mas não houve tempo. Uma quantidade absurda de vultos surgiu, fazendo um cerco a minha volta. Olhei para o lado e o fantasma de Juca havia desaparecido. Uma força estranha se apoderou de mim e comecei a realizar movimentos contra minha própria vontade. Meu corpo já não estava mais sob meu controle. Sem poder fazer nada, senti meus joelhos se flexionarem e, em seguida, vi meus braços irem em direção ao chão para apanhar o livro que deixei cair durante a tentativa de fuga. Ainda estava na mesma página que eu havia aberto instantes atrás.
Os vultos pareciam murmurar algo uníssono em minha cabeça, algo que eu proferia a contragosto. Logo percebi que era o encantamento que faria a evocação do demônio. O mesmo que Juca havia feito no passado. O vento que até então estava calmo, soprou mais forte e cheguei a pensar que as árvores à volta seriam arrancadas pela raiz. Eu já não era mais uma marionete do capitalismo. Agora eu era uma marionete de entidades malignas. “Sem dúvidas teria sido melhor ficar com a primeira opção.” pensei enquanto lágrimas de arrependimento corriam pelo meu rosto, mas já era tarde para lamentações. Uma força ainda mais poderosa que o vento que vergavam as copas das árvores, como gravetos, lançou-me em direção ao poço. Tentei evitar a queda, mas meu corpo permanecia inerte aos meus esforços de movimentá-lo. Colidindo contra as paredes estreitas, caí pesadamente contra a lama fedorenta já contida por anos no fundo daquele poço desativado. Com feridas abertas e sentindo que diversas partes de meu corpo estavam quebradas, olhei para o alto concluindo que seria impossível sair dali sem ajuda. Ainda não tinha me dado conta de que aquele seria meu túmulo.
Desesperado, gritei por socorro, mas eu sabia que ninguém iria me ouvir. Acho que gritava para tentar espantar o medo da escuridão súbita que se fizera a minha volta. As paredes que até então me deixavam em uma posição desconfortável, tinham desaparecido. Era como se estivesse numa outra dimensão, mas embora eu tentasse não conseguia ver a um palmo de distância e não fazia diferença alguma entre ficar de olhos abertos ou fechados, todavia, os mantive bem abertos. Estava apavorado e quase desmaiei quando vi as duas esferas avermelhadas surgirem em meio ao negrume. Eram olhos inconfundíveis que inflamavam o fogo do inferno. Abdel vinha em minha direção.
– Olá Bernardo! – saudou-me a voz gutural. – Estive esperando, ansiosamente, por este reencontro!


Após três dias, sem que Bernardo desse as caras, Renata foi até a delegacia notificar seu desaparecimento e dois meses depois o automóvel de seu ex-marido foi encontrado, em Minas Gerais, mas não havia nenhum sinal de Bernardo. Nem sequer uma pista. Tudo o que os policiais encontraram foi uma maleta com um livro de capa preta no banco traseiro do carro.  

 Por Thiago Tavares.
CONTOS DE TERROR 

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