terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pessimismo (Imagem & Pensamento)


Matando Robôs Gigantes & RapaduraCast

    
    Olá, pessoal! A data do evento literário da Fantasy está se aproximando. Um bate papo sobre literatura e  podcast com os membros do Matando Robôs Gigantes e do RapaduraCast irá rolar – nessa próxima sexta-feira (01/02), às 19h – na livraria da Cultura do Shopping Bourbon (SP).    

    Os participantes que estarão presentes para trocar uma ideia com o público, são:
  • Raphael Draccon - coordenador da Fantasy, best-seller de Dragões de Éter e Fios de Prata e participante do RapaduraCast.
  • Carolina Munhóz - autora de A Fada e O Inverno das Fadas e participante do RapaduraCast.
  • Affonso Solano - autor de Espadachim de Carvão e criador do MRG.
  • Jurandir Filho - criador do Cinema com Rapadura e RapaduraCast.
  • Diogo Braga - criador do MRG.
  • PH Santos - criador do Iradex e participante do RapaduraCast.
    Aos aficionados por podcast, fica então essa dica para o final de semana, e, como hoje ainda é terça-feira, não vai dar nem pra dizer que ficou sabendo em cima da hora. Portanto, sem desculpas! 

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Quarto ao Lado (Resenhas)




Por Thiago Tavares
   Dividido em duas histórias em quadrinhos e um conto, O Quarto ao Lado é um gibi-livro que associa ilustração e texto para tocar a sexualidade como seu principal tema. Numa abordagem colocada de maneira a dar destaque às relações homoafetivas, o autor Marcelo Lima busca derrubar a discriminação e promover a aceitação quanto à opção sexual de cada um. Num assumido combate contra a homofobia, Lima apresenta estórias nas quais, problemas e questionamentos vivenciados pelos personagens, culminam por conduzir o leitor a uma reflexão salutar sobre a necessidade de um rompimento com tabus que estigmatizam tudo aquilo que destoa ao que equivocadamente, uma parcela da sociedade rotula como “normal”.

   Em “Warren e Uilliam” – primeira estória do livro – os quadrinhos apresentam uma pequena trama na qual um jovem morador de comunidade e um fotógrafo estrangeiro se envolvem num relacionamento amoroso. Nela, o autor representa o preconceito por meio dos amigos de Uilliam ao tentarem dissuadi-lo de sua escolha de convívio ao lado de Warren.
   Na trama subsequente, a descoberta de si ganha destaque através dos conflitos internos de Rafa. Entre o amigo Matias e a ex-namorada, Isa (personagem que também ganha destaque numa experiência vivida no período em que esteve morando na casa do pai e da madrasta), os sentimentos desse jovem universitário acabam por se misturar diante da escolha que se vê necessitado a fazer.

   De maneira geral, os quadrinhos são habitados por diversos personagens munidos cada qual com seus próprios conflitos e questionamentos internos.  Fato este que também se repete em “Um corpo estranho” no qual Luisa – protagonista da trama – sofre com o desgosto pela própria imagem refletida no espelho. Tal sofrimento a afasta do convívio em sociedade fazendo-a imergir num mundo imaginário e solitário do qual é retirada por Ticiana, vizinha de janela – recém-chegada ao bairro – que lhe promete arranjar um garoto para seu primeiro beijo.
   No decorrer das 108 páginas, alguns elementos como: marcas de produtos conhecidos, letras de músicas, títulos de obras literárias consagradas e redes sociais online, permitem um estreitamento entre a ficção e a realidade, fato que acredito trazer mais vida à obra, a qual fica notadamente evidenciado o combate contra a homofobia, contudo, devido ao vocabulário empregado em algumas oportunidades e também por conta de algumas ilustrações, creio que “O Quarto ao Lado” não seja uma obra indicada para os demasiadamente novos. Sua proposta de leitura, portanto, mais apropriada para o público adulto ou jovem/adulto que, por meio dela, tem a possibilidade de refletir sobre as discriminações que possivelmente ainda estejam a carregar dentro de si. 


O Autor
   Nascido em Feira de Santana (Ba), Marcelo Lima é roteirista de HQs, audiovisual e games . É graduando em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal da Bahia. Participou por dois anos do grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade – CUS, orientado pelo professor Leandro Colling – que foi fundamental para elaboração do argumento de “O Quarto ao Lado” (seu primeiro livro como roteirista “solo”). Atualmente trabalha como roteirista de vídeo no Centro de Tecnologia Industrial Pedro Ribeiro Mariani.


ISBN: 978-85-914081-0-8
Editado pelo próprio autor
Número de páginas: 108
Formato: 21 X 28
Capa colorida, Miolo P&B
Financiado pelo Fundo de Cultura da Bahia através do Edital Culturas LGBT

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Vale dos Mortos (Ed. Baraúna)

   Bom, a novidade de hoje é o titulo "O Vale dos Mortos", da editora Baraúna, que em breve estará sendo lançado. Mesclando terror e ficção científica, a obra apresenta um fenômeno apocalíptico que coloca os personagens principais sob os perigos desencadeados por uma antiga lenda Suméria. Diante de um cenário caótico construído, pelo autor Rodrigo de Oliveira, líderes emergem para guiar um pequeno grupo rumo  a difícil tarefa de sobreviver a uma multidão de zumbis sanguinolentos. 
Aos aficionados por estórias de horror, fica então a dica! 


SINOPSE

   Num futuro próximo, uma antiga lenda Suméria torna-se realidade. Um gigantesco planeta é descoberto no nosso sistema solar e ruma em direção à Terra. Sua aproximação desencadeia um fenômeno único na história e bilhões de pessoas se transformam, de uma hora para outra, em criaturas sedentas de sangue e carne, num estado permanente e irreversível de fúria psicótica.







O Autor
   Rodrigo de Oliveira - O autor é técnico em publicidade e propaganda, cursou publicidade na Universidade Metodista e é graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela Universidade Paulista. Também é certificado especialista em gerenciamento de projetos pelo Project Management Institute sediado na Filadélfia/Pensilvânia. Rodrigo de Oliveira é casado, pai de dois filhos e reside em São José dos Campos, interior de São Paulo.


Título: O Vale dos Mortos
Autor: Rodrigo de Oliveira
ISBN: 9788579236754
Formato: 14 x 21 cm
Número de páginas: 371
Preço: R$ 34,90



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sábado, 19 de janeiro de 2013

Saci, o ladrão de almas (Coletânea)

SACI
O LADRÃO DE ALMAS

A mitologia nacional, difundida por todo o nosso extenso território brasileiro, relata histórias de seres fantásticos, dentre eles o Saci-Pererê, jovem negro, de uma só perna que passa o tempo aprontando travessuras nas matas e também nas casas alheias. No entanto, as diabruras do Saci não se resumem somente a isso. Existem histórias que vão além daquelas que o povo costuma comentar e devo ressaltar que, dentre essas, algumas são extremamente sinistras...  

Sabe como é cidade de interior, não sabe? Sempre tem aquelas histórias terrivelmente assustadoras que ninguém nunca sabe dizer ao certo se são verdadeiras ou somente invenções criadas para apavorar criancinhas desavisadas. Por aqui, na cidade onde até hoje eu vivo, não era diferente. O principal responsável por entreter e amedrontar o povo era o senhor Venâncio. Sujeito de idade avançada que costumava passar o dia na varanda de sua casa, sentado sob uma velha cadeira de balanço e dando pitadas no cachimbo que alegava com veemência ter apanhado do próprio Saci quando o capturou.   
Repararam que eu disse “capturou”? Pois bem, eu explico:
Venâncio sabia contar histórias de horror como ninguém. Os detalhes minuciosos de suas narrativas vivas e extremamente empolgantes deixavam os moradores entretidos do início ao fim. Bastava cair à noite e todos os jovens da cidade rapidamente se aglomeravam na apertada varanda daquele saudoso velho que apreciava desfiar suas experiências vividas, sob a companhia da luz das estrelas. Todos adoravam e esperavam ansiosamente por aquele momento, exceto eu. Não que as histórias do velho Venâncio fossem ruins. Longe disso! O problema é que eram boas até demais e eu não era lá um menino muito corajoso. Ficava me pelando de medo delas, especialmente a do Saci-Pererê. Ainda sinto ligeiro arrepio quando toco neste assunto. Lembro-me como se fosse ontem...
Venâncio costumava narrá-la fumando seu cachimbo e segurando a escura garrafa onde dizia estar aprisionado o ladrão de almas. Era assim que ele se referia ao Saci.
A essa altura, eu suponho que, com toda a razão, você esteja se perguntando: Por que raio de motivo ladrão de almas? Definitivamente não é algo que costumamos ouvir a respeito do Saci, sei disso muito bem, mas – como foi dito anteriormente – as histórias deste terrível ser vão além daquelas que o povo costuma comentar. Não se trata de um jovem que perdeu uma das pernas lutando capoeira. Isso é “história pra boi dormir”! Trata-se, na verdade, de uma criatura travessa que fugiu do inferno e não perde uma boa oportunidade de zombar e praticar crueldades, mas esta é um obscuro fato que poucos descobrem e continuam vivos para contar.
Foi Venâncio quem me revelou o que há poucos dias resolvi escrever. Foi aos 12 anos de idade que, pela primeira vez, aquele velho contador de histórias dissera ter se deparado com o Saci-Pererê. Segundo disse, no fatídico dia ele estava embrenhado na mata com Antônio, seu pai, e juntos os dois procuravam por lenha para o fogão. Conhecedor de inúmeras histórias sombrias, o supersticioso Antônio costumava ser extremamente cauteloso. Nunca ingressava pela mata sem levar uma garrafa e também uma peneira, ferramentas essenciais para aprisionar o Saci (criatura que ele temia mais que qualquer outra). Bastava ter de ir à floresta e lá estava Antônio com seus dois inseparáveis objetos, contudo, naquela manhã nebulosa, a garrafa e a peneira não estavam com ele. Era Venâncio quem os segurava enquanto o pai se encarregava de coletar as madeiras. Esse foi o grande erro de Antônio. Venâncio era uma criança medrosa e não tinha preparo psicológico para o que estava por vir.    
O encontro aconteceu quando os dois já regressavam para casa. Venâncio dissera que foi tudo muito rápido como num piscar de olhos. Uma súbita ventania invadiu a mata acompanhada de assobios sinistros que calaram os animais silvestres. Em meios as folhagens mortas que se levantavam do chão, Antônio – com olhos arregalados – avistou um enorme redemoinho vindo na direção deles. De imediato, largou a pilha de madeira e pediu ao filho que entregasse os objetos para prender o Saci, mas o menino não obedeceu. Estava petrificado pelo medo. Antônio então correu e arrancou-os das mãos trêmulas de Venâncio, entretanto, visto que a criatura era extremamente ligeira, já era tarde demais para agir e, percebendo que o fim estava próximo, Antônio então empurrou o filho contra um arbusto mandando que ele não saísse de lá. Venâncio obedeceu e encolhido, como um coelho sob a proteção de sua toca, ouviu os gritos estarrecidos do pai ao ser engolido pelo redemoinho e desaparecer, em seguida, como se nunca houvesse existido.
Essa fora uma história horrível que me proporcionou incontáveis noites mal dormidas ao longo da infância. Recordo-me bem como era difícil conter o meu medo na hora de voltar para casa depois de tomar conhecimento dela. Tudo bem que o senhor Venâncio mostrava aquela garrafa onde dizia estar o Saci que ele mesmo havia capturado anos depois. Mas e se fosse mentira?! Podia ser somente uma história da carochinha que ele inventara para não ser tachado de covarde por não ter feito nada para ajudar o próprio pai! Eu tinha muito medo do Saci ainda estar à solta e, embora eu não desejasse, deixava isso em evidência. Percebendo esse medo, não demorou até que a molecada resolvesse me pregar uma peça.
A brincadeira de mau gosto aconteceu há muito tempo atrás, numa dessas noites frias que costuma fazer aqui em Minas durante o período de inverno. Percorrendo a estradinha de chão que levava até minha vila, eu voltava, tarde da noite, de uma visita que havia feito a uma tia que há muito não via. Já estava quase chegando a casa quando me deparei com pegadas de um único pé que seguiam para o interior de um matagal próximo. Aquilo de imediato causou-me arrepios. Só podia ser o Saci, eu pensava naquele dado momento. Ouvi então um assobio e meu sangue gelou. Todos na cidade sabiam que era assim que aquela criatura amedrontava os viajantes, e, estremecendo dos pés a cabeça, meu corpo mais parecia gelatina.
De repente, os assobios começaram a vir de pontos distintos e pude notar o barulho de algo no matagal vindo célere em minha direção. Pensei em correr, mas minhas pernas pareciam pesar toneladas. O desespero só aumentava enquanto meus olhos, angustiados, fitavam o mato se abrindo. A qualquer momento o Saci-Pererê iria surgir para roubar minha alma.
Acreditando estar diante da morte inevitável, lágrimas começaram a deslizar pelo meu rosto. Lembro-me de ter desabado de joelhos clamando aos céus pelo livramento. De olhos fechados, rezei como nunca havia feito nas missas dominicais. Sem coragem para ver meu triste destino, eu mantinha os olhos cerrados enquanto rezava e chorava, chorava e rezava numa ladainha só interrompida pelo som de risadas ecoando a minha volta. Reabri os olhos e me vi cercado pelos garotos da cidade que gargalhavam da minha cara. Alguns ainda saiam do matagal assobiando como se quisessem deixar claro que haviam armado para cima de mim. Envergonhado, corri para casa deixando para trás o coro a me chamar de medroso.  
Ah, como eu detestava ser taxado de covarde! Por mais que fosse uma tremenda verdade, eu odiava aquilo e foi por causa desse apelido que cometi uma terrível estupidez que acabou acarretando na morte do senhor Venâncio. Recordo-me bem do dia em que, cansado de toda aquela zombaria que se estendeu por longas semanas, resolvi mudar as coisas. Precisava mostrar que também podia ser valente e de fato mostrei. Só que, infelizmente, não foi de uma maneira muito inteligente.
Sabe aquele tipo de erro do qual a gente se arrepende no primeiro segundo depois de já realizado? Pois então... foi exatamente isso.
 Por alguma razão idiota eu acreditei que o pessoal iria largar do meu pé se eu entrasse na casa do velho Venâncio e apanhasse a tal garrafa que eu tinha medo até de chegar perto. É claro que ninguém acreditou que eu seria capaz de tamanha proeza. A bem da verdade devo confessar que até mesmo eu guardava uma ponta de dúvida, mas no fim das contas acabei não dando pra trás. Esperei anoitecer e, sendo acompanhado pelo bando de Tomés que só acreditariam vendo, fui até o casebre do velho. Naquele momento eu era puro medo, mas a vontade de dar um basta no rótulo de covarde (desagradavelmente a mim imposto) conseguia me impulsionar para ir adiante.
Pé ante pé, fui deixando a molecada para trás.  Sorrateiramente fui me aproximando da casa. A janela, que vivia sempre aberta, facilitou minha vida. Com a agilidade de um gato, saltei para o interior da sala. Lembro que podia ouvir os roncos de Venâncio vindo do quarto e isso me deu a certeza de que não seria apanhado com a boca na botija. Olhei para estante e lá estava o troféu do velho, pousado sobre a TV. Naquele momento, por uma fração de segundos, senti vontade de desistir, mas a vontade logo foi substituída pelo desejo de mostrar aos garotos que eu não era tão covarde quanto pensavam. Foi naquele breve ímpeto de coragem que me lancei contra a estante, apanhei a garrafa e saltei pela janela de maneira ainda mais rápida do que quando entrei.         
Todos ficaram boquiabertos quando me viram retornar com a tal garrafa e, diante daquelas fisionomias impressionadas, cheguei a acreditar que havia conseguido limpar meu nome, mas estava enganado. Não satisfeito com minha proeza, um dos garotos deu a infeliz ideia de abrir a garrafa. Hesitei diante da terrível sugestão que desafiava meus instintos e isso foi o suficiente para que todos me chamassem de covarde novamente.
 Tomado pela raiva atirei a garrafa para o interior da mata.  O barulho de vidro se quebrando foi abafado por uma ventania repentina acompanhada de uma escabrosa gargalhada que rompeu o silêncio noturno da floresta. Evidentemente a criatura, oculta pelo mato alto, festejava com o sabor da liberdade novamente sentido. Os meninos se retiraram numa ridícula e escandalosa debandada. Naquele instante, ali sozinho, percebi que nenhum deles era tão corajoso quanto parecia.
E por que justamente o medroso não fugiu? Você provavelmente se pergunta. Arrependimento! Algo em meu íntimo dizia que eu havia cometido uma grande burrada e por mais que eu quisesse correr para longe dali, senti que deveria contar tudo a Venâncio. Não sei explicar exatamente porque tive aquela sensação, mas o fato é que fui até a casa do velho, esmurrei a porta e quando finalmente fui atendido, contei o que tinha feito. Devo admitir que pensei que levaria uma baita e inesquecível surra, mas não foi o que aconteceu. Ao ouvir minha confissão, Venâncio, pareceu-me mais preocupado do que furioso. Buscando a confirmação do que eu dissera, olhou para a estante e, sem avistar a garrafa, empalideceu. Depois daquele momento de choque, tudo aconteceu muito depressa: Dizendo que precisava recapturá-lo, Venâncio correu para dentro de casa, apanhou um facão, uma nova garrafa e, após revirar o armário, apanhou também uma peneira visivelmente velha. Antes de deixar a casa, ainda pude vê-lo fazendo uma breve oração. Não foi muito longa, pois Venâncio não era do tipo que sabia rezar, mas quando a coisa fica preta a gente acaba apelando para tudo, não é verdade? 
Findada a prece, ele ascendeu o fumo, contido no fornilho do cachimbo, e então saiu, tragando a fumaça que pareceu trazer-lhe alguma calma. Foi só então que compreendi o motivo de seu nervosismo exacerbado. Segundo ele mesmo contava, aquele era o cachimbo do Saci e, como a criatura estava à solta, certamente viria para pegá-lo de volta, mas Venâncio pretendia ser mais ligeiro, recapturando-o antes que acabasse se tornando a próxima vítima do ladrão de almas. Todavia, para minha infelicidade, essa não foi a única constatação que fiz. Do lado de fora percebi que iria ter de entrar na floresta, pois Venâncio não conseguiria segurar os objetos e abrir caminho pela mata fechada ao mesmo tempo. Eu até podia ter me recusado a ir, mas como a culpa era toda minha, não o fiz.
Juntos, nós ingressamos pela mata escura e devo ressaltar que eu estava completamente apavorado. Tremendo, feito vara verde, seguia o velho Venâncio que, utilizando-se do facão, ia cortando o matagal. Ele ainda não havia se dado conta de que tinha cometido o mesmo erro do pai. Incumbir uma criança medrosa para uma tarefa que definitivamente era para poucos, não era lá uma boa ideia.
 Qualquer barulhinho fazia meu coração descompassar. Como se estivesse prestes a pular pela boca, sentia seu pulsar já na altura da garganta. O cagaço era tamanho que, ao ouvir os assobios iniciarem, cheguei a pensar que fosse sofrer um infarto. Desta vez, não eram os meninos da cidade. Assustado, escutei a voz de Venâncio pedindo pelos objetos, mas meu corpo não respondia. Eu estava paralisado de medo.  Neste ínterim, um enorme redemoinho de almas veio em nossa direção. Sem perder tempo, o velho contador de histórias  me empurrou contra o matagal e eu caí já sabendo o que devia fazer. Como um coelho em sua toca, fiquei escondido, observando a figura medonha, de uma só perna, surgir em meio ao redemoinho. Finalmente havia chegado o momento do Saci se vingar por tantos anos de aprisionamento. Venâncio não disse nenhuma palavra. Apenas continuou fumando o cachimbo, aproveitando aquelas tragadas que já sabia serem as suas últimas. Um leve sorriso malévolo se fez nos lábios da criatura que, numa velocidade sobrenatural, aproximou-se de Venâncio e o envolveu no interior daquele macabro redemoinho constituído de espíritos roubados.
Não houve grito algum e, quando a criatura finalmente afastou-se, gargalhando e avançando mata à dentro, me vi sozinho. Já faz 22 anos que isso aconteceu, mas, até hoje, carrego comigo o fardo de haver sido responsável pela morte de Venâncio e, todos os dias, eu tento amenizá-lo adentrado na mata com uma garrafa e uma peneira, esperando por uma oportunidade de poder capturar seu assassino.

Por Thiago Tavares.
CONTOS DE TERROR

sábado, 12 de janeiro de 2013

Menino de Roça (Palavras ao Vento)



Pintura de  Alexander Pacheco
Menino de roça
(Thiago Tavares)

Menino de roça é menino valente
e ao mesmo tempo inocente
que diferente da gente
aprende a sonhar
com o que não se repara
no corre-corre dos dias
que as grandes cidades vem nos ofertar.

Menino de roça é menino simples
Que, miúdo e acanhado,
num sorriso franco tem muito a contar.
Oxalá meu filho nasça também numa roça,
Lá pelas bandas longínquas
Onde a simplicidade fez seu lar. 

Thiago Tavares.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Filhos do Fim do Mundo (Fantasy – Casa da Palavra)


   Olá, leitores! A novidade de hoje é por conta da Fantasy – Casa da Palavra. Filhos do Fim do Mundo é a obra que estreia os lançamentos de 2013 deste selo editorial. O trabalho desenvolvido pelo escritor Fábio Barreto é uma ficção investigativa apimentada por acontecimentos que antecedem o apocalipse. Catástrofes, tensão e mistério são os principais elementos selecionados pelo autor ao longo das 288 páginas que constituem seu livro, estrelado por um jornalista atarefado com as funções do emprego, de figura paterna e, é claro, também pela difícil missão de guiar os leitores por meio desta ficção.  


SINOPSE

 QUANDO AS CRIANÇAS DO MUNDO PARAM DE NASCER, UM REPÓRTER SE PREPARA PARA SUA ÚLTIMA MATÉRIA SOBRE O COMEÇO DO FIM DO MUNDO.

   É meia-noite quando a humanidade é surpreendida pela notícia: todas as crianças nascidas nos últimos 12 meses morreram misteriosamente. Descobrem também que plantas e filhotes também morreram. Um repórter responsável por cobrir os eventos preparativos para o fim do mundo, deixa sua esposa grávida em casa, partindo para uma perigosa missão
investigativa, em que terá de enfrentar grandes desafios para proteger aqueles que ama.

   Em Filhos do fim do mundo, acompanhamos a saga de um repórter tentando se equilibrar entre sua função de pai e jornalista em meio ao caos pré-apocalipse. As catástrofes se misturam com a tensão psicológica do personagem em um envolvente romance que vai encantar os amantes de ficção.


Selo Editorial Fantasy – Casa da Palavra
Autor: Fábio Barreto
Título: Filhos do Fim do Mundo
ISBN: 9788577343126
Número de páginas: 288
Preço: R$34,90
Ano: 2013


O Autor
   FábioM. Barreto é escritor, jornalista e cineasta. Criado nas redações de O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, dedicou a carreira à indústria do entretenimento. Trabalhou e publicou conteúdo em grandes veículos de imprensa como Sci-fi News, CNN e Brainstorm #9. Entrevistou dezenas de grandes nomes da indústria de Hollywood, de J.J. Abrams a Neil Gaiman, e foi responsável pela criação da JediCon e do SOS Hollywood. Hoje é membro de um dos podcasts de cultura pop mais famosos da internet brasileira, o Rapaduracast. Atualmente, reside em Los Angeles, Califórnia.



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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Evento literário gratuito abordará etapas da produção editorial


     Segunda edição do Livros em Pauta – Encontro de Leitores com Escritores e Outros Profissionais do Livro acontece dia 19 de janeiro de 2013.

Revisão, tradução, preparação de originais, divulgação, organização de eventos, adaptações para outras mídias, lançamentos. Estas e outras etapas da produção editorial serão apresentadas e debatidas na segunda edição do Livros em Pauta – Encontro de Leitores com Escritores e Outros Profissionais do Livro, que acontece em São Paulo no dia 19 de janeiro, no China Trade Center.
As palestras, debates e mesas-redondas com profissionais ligados à indústria do livro são gratuitas e acontecem em dois auditórios, com 50 e 60 lugares - é necessário retirar senha com 30 minutos de antecedência (veja programação abaixo).
Paralelamente às apresentações nos auditórios, haverá uma feira de livros a preços populares no saguão do China Trade Center, com a presença de vários autores. “O Livros em Pauta nasceu para difundir não só a produção literária, mas também o hábito da leitura. Teremos livros que custarão a partir de R$ 4,90”, explica o criador e organizador do evento, o escritor Edson Rossatto. A expectativa da organização é receber cerca de 800 pessoas, entre leitores, escritores amadores e outros profissionais do livro.
Outras atrações incluem concursos de cosplays de personagens de livros de literatura fantástica, networking de profissionais do livro e o encontro aberto do grupo Traçando Livros, que se reúne mensalmente para discutir uma obra previamente escolhida. Para o evento, o livro será “1984”, de George Orwell.
Entre os nomes confirmados estão os escritores Leandro Schulai e Walter Tierno, os editores Ednei Procópio, Maurício Muniz, Manoel de Souza e Silvio Alexandre, os tradutores Petê Rissatti e Sandra Garcia Cortés, a preparadora de originais Kyanja Lee, o cartunista Lillo Parra, os jornalistas Jota Silvestre e Eduardo Marchiori, e os blogueiros Alba Milena, Danilo Leonardi e Tatiany Leite.


PROGRAMAÇÃO DOS AUDITÓRIOS:







PROGRAMAÇÃO DO SAGUÃO:


15h00: Lançamento dos livros “Sopa de Letras”, “Quimera”, “Névoa”, “Corações Entrelaçados” e “O Segredo da Crisálida II”, todos da Andross Editora




SERVIÇO

LIVROS EM PAUTA (2ª EDIÇÃO) – ENCONTRO DE LEITORES COM ESCRITORES E OUTROS PROFISSIONAIS DO LIVRO
Data:19 de janeiro de 2013
Horário: das 10h às 20h
Entrada: Gratuita
Local:China Trade Center - Rua Pamplona, 518 – Cerqueira César – São Paulo
Informações: (11) 96731-6191 (11) 98217-619 www.livrosempauta.com
Promoção e realização: Andross Editora
Patrocínio: China Trade Center, Editora Europa, Editora Gutenberg
Apoio: Livrus Editora, Gal Editora

MAIS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:

Cesar Mancini (11) 96731-6191
(11) 98217-6191
(11) 2943-7687

editor@andross.com.br