quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Rainha e o Cavaleiro (Coletânea)

               
        A RAINHA E O CAVALEIRO

Numa terra distante
um cavaleiro errante
encontra uma moça
de olhar radiante.

Seu nome é Eleonora
mulher jovem e encantadora,
casada com o poderoso rei de Ghamboa.

Ao vê-la passar o cavaleiro
não consegue evitar
que de sua garganta
palavras de amor comecem a ecoar:

O brilho dos teus olhos
iluminam minha alma
e as curvas do teu corpo
me retiram toda a calma!
Se um dia eu tivesse
mulher igual a você
grato a Deus eu seria,
pois nada mais desejaria ter!

Ao final do que tinha a dizer,
todos veem a Rainha enrubescer
e os súditos do rei tentam
o cavaleiro errante abater.

Os soldados de Ghamboa
se esforçam para derrotá-lo,
mas o exímio cavaleiro
os vence sem abalo

Chamo-me Ivain
homem justo e educado
meu encanto é verdadeiro,
meu amor inigualável!

Se aceitar fugir comigo
não lhe dou nenhum tesouro,
mas em troca lhe ofereço
um amor que vale ouro!

A rainha se inflama
de paixão pelo guerreiro
que esta a oferecer
um sentimento verdadeiro.

Fiel amiga, Iolanda
a incentiva a fugir,
pois ao lado do rei
Eleonora nunca esteve a sorrir.

Nova leva de soldados
começa a se aproximar
e a rainha hesitante decide então
não mais pensar.

A ti eu me entrego por toda a eternidade,
pois vejo em teus olhos que diz a verdade!

A rainha se despede
de sua amiga inseparável,
montando no alazão
de imponência inquestionável

O coração apertado faz Iolanda chorar
e comovido, Ivain revela para onde fugirá:

Se a saudade apertar e quiser nos visitar,
na floresta de Gennova poderá nos encontrar.

O cavalo dispara
e Iolanda acena
despedindo-se da amiga
que conhecera pequena.

Os soldados do rei
tentam evitar
que o cavaleiro errante
escape com a rainha de lá.

Mas o veloz alazão
logo ganha distância
e no coração da floresta
nenhum soldado o alcança.

Num pequeno casebre
o casal se estabelece
e na vida simples
suas almas se enriquecem

Ali eles vivem um amor fervoroso
até Iolanda surgir com um aviso tenebroso.

Ivain, que estava a caçar,
encontra a moça
pela mata a caminhar.

Eu poderia acreditar
que estas aqui para nos visitar,
mas teus olhos indicam
que algo de ruim tens para contar.

Iolanda olha ao redor para checar se não fora seguida
e na sequência começa a dizer o que sabia:

A notícia que trago
é de teu desagrado,
pois o rei de Ghamboa
pretende caçá-los.

Cedo ou tarde ele diz que irá atinar
com os dois desgraçados que o quiseram desonrar.
Se os encontrar, certamente não poupará
nem mesmo a rainha que ele tanto diz amar.

 A boa notícia
é que o rei acredita que a honra recuperará
se num duelo até a morte você o enfrentar.
Derrotando-o, livre estará para o amor vivenciar
e morrendo, Eleonora ele prometeu poupar.

Ao ouvir Iolanda, Ivain parte apressado
deixando no casebre um singelo recado.

Eleonora que dormia,
finalmente, desperta
e encontra o bilhete que então lê depressa:

Um rei que não soube te amar
amargurado e com ódio
agora quer se vingar!

Mas ninguém tomará de mim teu calor,
pois, com espada e escudo, defenderei nosso amor!
A couraça de ferro protege meu peito,
onde levo você de quem nunca me esqueço.

Se o sol se despedir e eu não regressar
Saibas meu amor, que morri por te amar!

Lágrimas de tristeza começam a rolar,
pois sob o manto escuro dos céus
estrelas já estão a pulsar.

Da janela, vê soldados munidos de tochas se aproximando
e na dianteira enxerga o odioso rei Herculano.

A amiga Iolanda fora torturada
e o refúgio da rainha ela então indicara.
Contudo, para Ghamboa
Eleonora não pretende regressar
e, com adaga afiada, decide a vida ceifar.

A lâmina fria a fere mortalmente
e após o último suspiro
reencontra seu amado cavaleiro novamente.

                 FIM
                     

Se você não acredita que esta estória tenha ocorrido, que ao menos para reflexão ela tenha lhe servido:

        Melhor seria morrer como um cavaleiro errante a ser como o odioso rei daquela terra distante. 


                          Por Thiago Tavares.
           CONTOS RIMADOS

2 comentários:

  1. Eu, sinceramente, não gosto de poesia. Mas a sua está entre raras exceções. Amei demais as rimas, a histórias e até o desfecho. Parabéns!!!

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